Instituto do Cérebro divulga estudo sobre efeito de barulhos altos em neurônios

O artigo “Loud noise-exposure changes the firing frequency of subtypes of layer 5 pyramidal neurons and Martinotti cells in the mouse auditory cortex” (“Exposição a ruído alto altera a frequência de disparo de subtipos de neurônios piramidais da camada 5 e células de Martinotti no córtex auditivo de camundongos”, em tradução livre), de autoria dos pesquisadores do Instituto do Cérebro Ingrid Nogueira, Thiago Lima, Thawann Malfatti e Katarina Leão, foi publicado recentemente na revista Frontiers in Aging Neuroscience, periódico que reúne pesquisas sobre o envelhecimento do Sistema Nervoso Central e as doenças neurais relacionadas à idade.

O trabalho teve como principal objetivo analisar como ruídos altos podem alterar a atividade elétrica de neurônios específicos no córtex auditivo, uma área responsável tanto por receber informações de outras partes do sistema auditivo como por projetá-las para diversos outros locais no cérebro. O estudo detalhou as diferenças nos padrões elétricos de três tipos neuronais, antes e após a estimulação acústica, e que estão conectados em uma micro circuitaria local. “Esse tipo de pesquisa é importante para o entendimento de como ouvir música alta, ou ruídos altos, podem alterar a forma como nosso cérebro processa o som, tornando-o mais ou menos ativo dependendo dos tipos de células estudadas”, explica Ingrid Nogueira, doutoranda do ICe sob orientação da professora Katarina Leão. 

Professora Katarina Leão com Ingrid Nogueira e Thiago Lima. Thawann Malfatti (que também é autor) está na Suécia fazendo pós-doutorado.

Uma das condições que podem surgir com essa constante exposição a ruídos altos é o zumbido, que pode se caracterizar como um som fantasma que ouvimos, por exemplo, ao chegar em casa depois de um show. Ele acomete cerca de 15% da população mundial de forma crônica, chegando a se tornar um incômodo diário e muitas vezes constante, que diminui drasticamente a qualidade de vida dos pacientes, levando a uma maior propensão a estresse, ansiedade e depressão.

“Entender como a atividade cerebral é alterada em condições como esta pode nos ajudar a melhor endereçar tratamentos como os de estimulação transcraniana magnética e estimulação por corrente contínua”, comenta Ingrid.