Instituto do Cérebro e de Medicina Tropical promovem ação científica e cultural de combate ao Aedes

O Instituto do Cérebro (Ice) e o Instituto de Medicina Tropical (IMT) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) realizam nesta terça-feira, 5, o “NeuroSudário: Combater o mosquito para proteger uma geração”, com o registro neurofisiológico da criação do artista plástico carioca Sergio Cezar, a partir das 20h, no ICe, localizado no bairro de Morro Branco.

De acordo com o diretor do ICe, Sidarta Ribeiro, o objetivo é usar arte e ciência para reforçar a mensagem de que é crucial combater o Aedes aegypti neste verão, para evitar a multiplicação dos casos de microcefalia e outras mal-formações. “Há 100 anos fazemos esse combate, mas o mosquito persiste. Nos habituamos, mas esse ano corremos o risco de ter milhares ou centenas de milhares de pessoas afetadas”.

Ainda conforme o neurocientista, a ideia do evento é fazer o registro neurofisiológico da criação artística de Sergio Cezar, isto é, fazer a análise do eletroencefalograma do artista enquanto ele pinta Sudários – técnica que procura capturar a essência psíquica de uma pessoa em um tecido negro, geralmente só a cabeça, mas às vezes o corpo inteiro.

Para a diretora do IMT, Selma Bezerra Jerônimo, o intuito é compreender os fatores envolvidos na epidemia de microcefalia. “Ela é devastadora e irá impactar diretamente as famílias afetadas e a comunidade, como um todo”, explica.

Selma conta que o fator desencadeador parece ser o vírus Zika, que é transmitido pelo Aedes aegypti, o qual pode transmitir outros vírus, incluindo o da dengue e da febre amarela. “Controlamos esses insetos no passado, no entanto, em virtude da existência de nichos nas nossas casas e quintais, eles podem se proliferar numa velocidade enorme. Temos que ser metódicos, precisamos varrer e limpar os nossos ambientes e, enquanto limpamos, iremos compreender a causa dessa epidemia de microcefalia e barrá-la”, esclarece.

Sergio Cezar

Conhecido como o “Gigante do Papelão” ou “Arquiteto do Papelão”, por imaginar suas obras a partir das cenas de rua do cotidiano carioca, Segio Cezar utiliza materiais reciclados em arte. O artista transforma sucata, materiais descartados e lixo para recriar casas, favelas e cidades, dando origem a obras contemporâneas e originais. Com essa técnica no papelão, ele foi responsável pelo cenário da abertura da novela “Duas Caras” da Rede Globo (2007) e do clipe “Segue o Som” da cantora Vanessa da Mata.

Já na técnica “Sudário”, criada por Sergio, o relevo humano é usado como suporte para o surgimento de uma imagem, que para o pintor é “a alma humana da maneira mais nua possível”, experiência que leva o carioca a um tipo de transe.