(Por Barbara Ciralli com Katarina Leão e Laíza Felix)
O zumbido, percepção sonora fantasma, afeta milhões de pessoas em todo o mundo e seus mecanismos ainda não estão claros. Um estudo recente, publicado no Journal of Psychopharmacology por uma equipe de pesquisadores do ICe-UFRN, mostrou que camundongos expostos a ruídos apresentam mudanças na forma como o cérebro processa os sons.
Os pesquisadores investigaram se a exposição ao ruído – uma das causas do zumbido – pode afetar a capacidade do cérebro de filtrar sons repetitivos, e se a cannabis e a nicotina podem ajudar nesse processo. Os resultados foram publicados no artigo “Alterations of auditory gating in mice with noise-induced tinnitus treated with nicotine and cannabis extract”, de Barbara Ciralli, Thawann Malfatti, Thiago Lima, Sergio Ruschi e da professora Katarina Leão, além de Christopher Cederroth, do Karolinska Institutet, na Suécia.
Primeiramente, foi investigado se há diferença no processamento auditivo relacionado ao fenótipo (ou seja, a combinação de características genéticas e fatores ambientais) do zumbido. Em seguida, se é possível corrigir as anormalidades encontradas com a nicotina, uma droga comumente conhecida por aumentar a atenção e melhorar a filtragem sensorial auditiva na psicose. Uma outra droga também foi testada, a cannabis, conhecida por diminuir a atenção, uma vez que ela também poderia reduzir a hiperatividade em algumas estruturas cerebrais relacionadas ao zumbido.
Assim, o efeito de cada uma das drogas foi testado separadamente ou em combinação. Os neurocientistas descobriram que os camundongos expostos a ruído tinham dificuldade em processar esses sons, mas que, surpreendentemente, uma combinação de cannabis e nicotina melhorou essa capacidade. Além disso, eles também mostraram que os camundongos expostos a ruído eram mais sensíveis aos efeitos da cannabis no processamento auditivo.
De acordo com Barbara Ciralli, primeira autora do trabalho, “Nosso estudo contribui para uma melhor compreensão do funcionamento do processamento auditivo e como modulações farmacológicas influenciam no processamento auditivo no zumbido”. A equipe espera que seus resultados abram caminho para mais pesquisas e desenvolvimento de tratamentos eficazes para o zumbido.
Para mais informações sobre este estudo, consulte o artigo completo publicado no Journal of Psychopharmacology.